Como conquistar os benefícios do uso de pré-emergentes em lavouras de milho?

15 de maio de 2019

Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Pre-emergence_spray.jpg#filelinks

Herbicida pré-emergente para milho. Como conquistar seus benefícios

Sistema “plante-aplique” de herbicida pré-emergente é a melhor estratégia para melhorar o manejo de plantas daninhas no milho

No manejo de plantas daninhas, muitos agricultores infelizmente parecem seguir a filosofia de São Tomé, o santo cujo ditado popular resume na frase “só acredito vendo”.

Os produtores querem esperar para ver uma planta daninha brotar do chão antes de tomar qualquer atitude de controle. Mas manejo agrícola que tarda, falha.

As daninhas são espécies de crescimento rápido, com grande capacidade reprodutiva, e agressivas na competição com o milho.

É por isso que especialistas vêm alertando para a necessidade de adotar um manejo preventivo, especialmente com a aplicação de herbicida pré-emergente.

O ideal é escolher um pré-emergente capaz de controlar tanto plantas daninhas de folhas largas quanto as de folhas estreitas. O foco deve ser um amplo espectro de ação e bom efeito residual na área pulverizada.

“O pré-emergente traz mais segurança para o produtor. Com maior eficiência no controle das plantas daninhas no início do desenvolvimento do milho, o agricultor provavelmente fará um menor número de pulverizações de herbicidas na pós emergência e terá um ganho operacional”, explica Felipe Stefaroli, Gerente de Desenvolvimento de Mercado de Herbicidas da Bayer.

Plante o milho e logo pulverize com o herbicida pré-emergente!

A principal recomendação é adotar o sistema “plante-aplique”. Ou seja, usar o pré-emergente logo após o plantio da cultura, no máximo até a emergência do milho. O prazo do plantio até a emergência geralmente varia de 4 a 15 dias. “O agricultor que pulveriza o pré-emergente, deixa as camadas superficiais do solo preparadas para, quando a planta daninha iniciar os processos germinativos, absorver esse produto e ser controlada”, explica Stefaroli.

O objetivo é aplicar um pré-emergente que atue por cerca de 20 a 30 dias. O efeito residual oferece um bom manejo das invasoras, previne a matocompetição inicial e deixa a lavoura no “limpo” até o fechamento das entrelinhas de cultivo do milho. “O pré-emergente pode garantir o controle de mais de 80% das sementes de plantas daninhas que viriam a emergir”, diz Stefaroli.

Outro grande benefício no uso de pré-emergente é retardar a pressão de seleção que favorece ervas tolerantes aos herbicidas. “A presença de planta daninha resistente é o grande fator que exige mudanças no manejo e que o produtor inicie a utilização de pré-emergente. Ele consegue trazer um espectro de controle muito bom”, afirma Stefaroli.

É fundamental escolher um produto que consiga se mover pela palha e atingir o solo. Caso o pré-emergente fique aderido na palhada, não apresentará os resultados desejáveis. Recomenda-se também boas práticas agrícolas, como a rotação de mecanismos de ação para o manejo de tolerância e resistência das invasoras.

Cuidados na utilização

O uso de herbicida pré-emergente também exige entender a possível interação entre o produto e o solo, seletividade para a cultura comercial, a interferência da palhada no manejo e questões climáticas. Uma questão muito importante é o chamado “carry-over”, expressão que designa a permanência de resíduos do herbicida que podem causar fitotoxidade na cultura subsequente.

O produtor deve avaliar qual é o tipo de pré-emergente escolhido, as características da molécula do produto e implicações.

Alguns herbicidas podem sofrer degradação quando há incidência de luz. Outros podem sofrer com a ação de microrganismos presentes no solo, por exemplo.

Até mesmo a composição do solo pode gerar impactos. “Normalmente o tipo de solo pode interferir na eficácia e durabilidade do produto.

Solos mais argilosos normalmente terão uma retenção maior do herbicida”, diz Stefaroli. Há, ainda, a possibilidade de perda de eficácia após as chuvas, com o processo de lixiviação, ou seja, encharcam o solo e as águas podem levar o produto embora.

Carry-over

A seletividade é um fator que demanda mais atenção. O pré-emergente registrado para o milho não deverá causar dano para essa cultura. No entanto, o agricultor deve levar em consideração qual será a safra seguinte. Supondo, por exemplo, que o produtor cultive milho primeira safra e feijão na segunda safra, ele deveria avaliar previamente se o pré-emergente não causaria danos ao feijão, a fim de se evitar a possibilidade de carry-over.

Por essas razões, é fundamental buscar o suporte técnico de um engenheiro agrônomo para receber orientações de manejo e sempre seguir as recomendações de bula do produto, respeitando as indicações de dose e preparação de calda.

“O produtor não deve aumentar a dose recomendada para a aplicação porque o pré-emergente, além dos fatores de carry-over, pode ainda se acumular no sulco de plantio devido a algum fator climático e, em alta dosagem, pode causar fitotoxicidade ao milho”, alerta Stefaroli.

Tecnologia de aplicação

O produtor deve aplicar o herbicida pré-emergente utilizando bicos (pontas de pulverização) adequados para o produto, cujo objetivo é atingir o solo. As pontas devem formar gotas grossas. Assim, minimizam-se perdas por evaporação do produto e a possibilidade de deriva, fenômeno que ocorre quando as gotas pulverizadas são levadas pelo vento.

A pulverização de pré-emergente deve ser realizada somente em solo com palha seca, jamais em áreas com presença de plantas daninhas vivas. Outra dica é calibrar a pulverização com vazão alta, entre 100 e 200 litros por hectare, e trabalhar com a barra de aplicação baixa, com altura de até meio metro acima do solo quando possível.

Apesar das possibilidades de perda de eficácia ou fitotoxidade, geralmente esses relatos são exceções. Quando o produtor segue as recomendações de bula, os problemas se resumem a casos pontuais. “Para a maioria das situações encontradas, as chances de o herbicida pré-emergente ter sucesso na lavoura são grandes”, diz Stefaroli.