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Perspectivas para o milho safrinha: otimismo controlado no campo

Entenda os fatores econômicos que estão em jogo no mercado e devem beneficiar as lavouras do cereal e a rentabilidade dos agricultores22 de julho de 2022

Os produtores de milho podem planejar a segunda safra com confiança. É chegada a hora de se sentir confortável para investir em tecnologia e continuar buscando o sempre e tão desejado aumento de produtividade. Análises de mercado apontam que um otimismo controlado deve guiar a próxima safrinha de milho. Atualmente, as previsões para a segunda safra de milho são mais favoráveis e os preços da commodity serão mais remuneradores em comparação com o cenário da temporada anterior.

De acordo com o terceiro levantamento de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estima-se uma área plantada de 11,5 milhões de hectares e a produção brasileira pode crescer 18,1%, de 53,9 para 63,7 milhões de toneladas. “É um ano em que dá para ganhar dinheiro. A safrinha é um complemento da renda do agricultor e deve ser positiva na maioria dos casos em 2019. Para isso, tem que ter tecnologia para conseguir boas produtividades e a comercialização pode ainda ser melhorada”, diz Juliano Ribeiro, Responsável por Inteligência de Mercado na Bayer.

O panorama é favorável em todos os grandes estados produtores, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, que já contam com a vocação tradicional para o milho safrinha e bom nível tecnológico para o cultivo. Na opinião de Ribeiro, a área cultivada com milho safrinha tem bom potencial de crescimento em todos esses estados. Mas há ressalvas para o Mato Grosso do Sul, porque a entrega de fertilizantes foi menor do que no ano passado, e também para o Mato Grosso, onde o cultivo de milho safrinha tem uma concorrência importante com o algodão.

Por outro lado, Mato Grosso largou na frente durante a safra de verão, com o plantio de soja mais acelerado de sua história. Como consequência, pode ocorrer uma antecipação da colheita de soja em muitas áreas, beneficiando o milho. “Isso faz com que o produtor tenha uma janela ideal de cultivo para o milho safrinha e ele pode expandir a área e explorar o potencial produtivo máximo da cultura. Muitos produtores têm o plano de cultivar 100% da área de soja com o milho safrinha”, afirma Ribeiro.

O cenário é otimista

De acordo com o especialista de Inteligência de Mercado, estima-se um crescimento de 5% na área plantada com milho safrinha. A expansão significa uma recuperação após o cenário desfavorável que marcou o ciclo anterior. Na safrinha 2018, a conjuntura para a demanda local e internacional por milho e as cotações para o cereal não animaram os produtores. “No ano passado, os estoques internos estavam elevados e a definição da compra de insumos foi impactada pelo preço do milho, que não estava atrativo. Então, o produtor não planejou uma área grande de cultivo”, afirma Juliano Ribeiro. Segundo ele, muitos produtores tomaram a decisão econômica de substituir áreas de milho safrinha por culturas como algodão safrinha, milheto ou até mesmo deixar as áreas em pousio.

A boa notícia é que agora o jogo virou e o agricultor pode vislumbrar a chegada de uma boa temporada. Um sinal dessa previsão, segundo o especialista, é que as cotações já se recuperaram. “Os preços não são excepcionais, mas estão melhores do que no ano passado. Em Mato Grosso, o preço já está de fato melhor e a perspectiva é diferente. Existe uma expectativa de preços melhores especialmente no Paraná, que neste caso ainda não expressa os melhores preços”, diz Ribeiro. Outro ponto positivo é que a quebra da safrinha anterior se refletiu nos estoques de milho, que agora estão mais comedidos e em equilíbrio com a atual demanda, permitindo uma sustentação para as cotações. “Com esses estoques mais acomodados em 2018/19, os preços podem melhorar ainda mais”, diz Ribeiro.

A segunda safra coincidirá com um momento de transição para o novo Governo eleito. Portanto, o produtor deve ficar atento para observar como a questão política influencia no agronegócio. De acordo com Ribeiro, vale mencionar que o Governo Federal determina as políticas para a obtenção do crédito rural. No entanto, como o atual plano safra continua em vigência até junho de 2019, as condições permanecem favoráveis. “Estamos no meio da safra de crédito rural. Para a safrinha, os juros atrelados à taxa Selic têm se mostrado em queda nos últimos anos”, diz Ribeiro.

A variação das moedas, no entanto, é um fator que merece a atenção do agricultor. De acordo com Ribeiro, a questão cambial pode ser impactada por questões políticas e depende dos pacotes que serão propostos pelo novo Governo em 2019. Até agora, a perspectiva é que o produtor poderá trabalhar com previsibilidade e sem grandes surpresas que prejudiquem o planejamento de safra. “A nossa visão de câmbio é que ele tende a cair um pouco ao longo de 2019”, afirma Ribeiro. “Certamente, o dólar terá um impacto sobre o milho e outras commodities. Mas, do ponto de vista político, avaliamos que o cenário é de mais tranquilidade e recuperação do Produto Interno Bruto (PIB). Essas coisas são boas para a economia como um todo, tenho uma visão otimista.”

Custos de produção

O produtor terá condições de fechar bem suas contas no milho safrinha 2019. Ribeiro acredita que os produtores buscam comodidade. “A visão do agricultor não é pura e simples em custos, ele tem uma busca crescente por produtividade. Além do mais, os custos são relativos, invariavelmente os produtores têm entendido que investir mais com excelência nas operações traz lucros mais atrativos e sustentabilidade para seu negócio, já que as produtividades são favorecidas”, afirma Ribeiro.

Apesar da perspectiva otimista, durante a safrinha de milho 2019 vale a pena ter cuidado redobrado com os custos de logística e armazenagem. “O frete está num momento delicado. A questão da greve dos caminhoneiros e tabelamento de frete traz algumas dificuldades para o produtor. Observamos que, em muitos casos, os agricultores estão pensando mais em investir em frota própria”, conta Ribeiro. Essa tendência também é seguida por empresas, como tradings de grãos. “Vemos tradings investindo em frota própria justamente para garantir um custo mais adequado para o transporte dos grãos, entre eles o milho.”

Embora as condições de mercado sejam mais favoráveis, a gestão do negócio depende do produtor. Manter o controle dos custos na ponta do lápis e buscar mais eficiência para as operações são as dicas essenciais para elevar os lucros. “Os custos variam para mais ou para menos, mas temos que pensar é se o produtor está tendo rentabilidade”, afirma Juliano Ribeiro.

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