Quais as principais pragas do algodão e como fazer o manejo corretamente

25 de julho de 2022

Visando a boa produção, é essencial manter sua lavoura livre de potenciais pragas que interfiram no desenvolvimento de sua plantação. No caso do algodão, existem diversos insetos que atacam as diferentes áreas da planta, desde a raiz até as folhas.

Se você tem dúvidas de como identificar os principais insetos que infestam a sua lavoura, fique tranquilo. Nesse artigo, apresentaremos as principais características das pragas do algodão.

1. Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis)

bicudo-do-algodoeiro é uma das pragas que mais preocupa os agricultores de todo o Brasil. A infestação desse inseto traz grandes prejuízos para a lavoura, tanto na produção, quanto no gasto para o controle.

Essa praga ataca diretamente as estruturas reprodutivas do algodoeiro, podendo causar danos irreversíveis nas plantas, diminuindo a produção em até 70%. Além disso, durante a infestação, a cultura fica indefesa, abrindo portas para outras doenças na plantação.

O bicudo-do-algodoeiro é um besouro que mede em torno de 7 mm, de coloração escura e apresenta um bico alongado. Um único inseto pode depositar de 100 a 300 ovos, representando uma elevada capacidade de proliferação.

Esse inseto possui 4 estágios morfológicos, são eles: ovo, larva, pupa e o adulto. O ciclo de vida do ovo para o adulto se completa aproximadamente em 21 dias.

O controle biológico é eficaz na eliminação dessa praga. Cerca de 42 espécies de artrópodes são indicadas como predadores naturais do bicudo.

O método alternativo mais utilizado para o controle do bicudo é a aplicação de inseticidas, que deve ser realizada sob recomendação de um Engenheiro Agrônomo.

2. Tripes (Frankliniella schultzei)

O tripes é um inseto perigoso que apresenta grandes ocorrências nas lavouras de algodão. Sua ordem pertence a Thysanoptera que significa “verme da madeira”, um biótipo que facilmente devasta plantações se o controle não for executado.

Essa praga, desde jovem até adulto, concentra os ataques nas folhas da plantação, o que inibe o desenvolvimento da cultura. Com a lavoura fragilizada, abre-se espaço para a transmissão do vírus vira-cabeça, um patógeno liberado pelos próprios insetos.

Os principais sintomas dessa doença são as folhas bronzeadas, caules com faixas escuras, frutos manchados e curvamento na estrutura da planta. Uma infestação da praga seguida pelo patógeno pode resultar em danos irreversíveis para a lavoura.

As principais características dessa praga são os corpos alongados de coloração marrom escura. Os insetos são minúsculos, cerca de 1mm, o que dificulta a identificação dentro da lavoura.

Geralmente, a infestação é observada pelos danos causados nas plantações e não pelo avistamento do biótipo. Se o controle não for executado de pressa, ele causará grandes perdas na lavoura.

Os principais métodos de controle dessa praga são:

  • Pulverização de inseticidas até controlar da praga;
  • Efetuar a plantação na época de menor incidência da praga;
  • Tratamento de sementes com o uso de inseticidas na semeadura;
  • Barreiras vegetais em torno da área de plantio para inibir a infestação da praga.

Mesmo com a deposição de ovos sendo baixa, de 20 a 100, o ciclo de desenvolvimento é rápido, infestando a lavoura facilmente. Em grande escala, esses insetos reduzem sua produção em 50%, causando grandes perdas.

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3. Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)

Encontrado em diversas lavouras do Brasil, o Ácaro-rajado tem como prato principal a cultura do algodão. Por ser uma espécie prolífica (não necessita de fecundação para reproduzir), essa praga do algodoeiro possui forte agressividade em uma lavoura.

A praga ataca diretamente as folhas do algodoeiro, dificultando a fotossíntese e inibindo o desenvolvimento da plantação. Os foliares afetados apresentam coloração de palha e pequenos furos por sua superfície.

O ácaro-rajado, quando adulto, apresenta coloração amarelo/esverdeada com a sobreposição de pequenos pigmentos escurecidos nas partes laterais do corpo. É difícil observar essa espécie ao olho nú, pois apresentam tamanho menor que 1 mm.

Um exemplar pode produzir de 100 a 300 ovos de cada vez. O ciclo de desenvolvimento é em torno de 5 a 21 dias, extremamente rápido se comparado com outras pragas.

Um único cultivo pode apresentar 11 gerações de ácaro-rajado. Em grande escala, essa praga reduzirá em mais de 50% sua produção, além de afetar diretamente a qualidade do algodão.

Para um controle eficaz é necessário a aplicação de acaricidas específicos, pois o biótipo é resistente a diversos inseticidas. Controlar a infestação desde o início é crucial para a recuperação de sua lavoura, caso contrário ela poderá sofrer grandes perdas.

4. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)

A lagarta-do-cartucho é uma praga que vem atacando cada vez mais as plantações de algodão do Brasil. A infestação acontece na cultura desde a fase de emergência, em que a nutrição da planta é crucial para um bom resultado.

A infestação se inicia com furos e raspagens nos foliares da cultura, danificando um dos principais meios da plantação absorver os nutrientes. É possível observar grande quantidade de excreções deixadas na planta pelos insetos.

Continuando a infestação, as lagartas danificam os caules da planta, cortando rente ao solo. Essa ação inibe a absorção de nutrientes pelo solo, deixando a planta cada vez mais fragilizada.

Com os dois principais meios de nutrição cortados, a planta começa a morrer. Se essa infestação não for tratada, em pouco tempo sua produção pode reduzir a zero.

A lagarta-do-cartucho quando jovem, apresenta coloração verde-clara até se tornar alaranjado/amarronzado. As adultas já reforçam os tons de marrom e apresentam um “Y” invertido sobre a cabeça.

Essa espécie ovula cerca de 200 a 300 ovos que são depositados na parte superior das plantas. O ciclo de desenvolvimento até se tornar uma lagarta gira em torno de 3 a 5 dias.

Para o manejo da praga recomenda-se utilização de sementes resistentes a esse tipo de infestação. Porém, a pulverização de inseticidas também é uma maneira eficaz de inibir o desenvolvimento desse inseto.

Lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania)

Com fortes indícios localizados na região centro-oeste, essa praga ataca diretamente as folhas das plantas. Seu alto índice de reprodução preocupa os agricultores de soja e algodão.

No início da cultura as lagartas se alimentam principalmente das folhas verdes. Porém, com o crescimento da plantação outras partes servem como alimento, tais como:

  • Botões florais;
  • Flores;
  • Maçãs do algodão.

Os exemplares dessa espécie apresentam comprimento na faixa de 35 mm, podendo ser maiores ou menores. Depositam em torno de 800 ovos durante seu ciclo de vida, com um período de incubação de 4 a 6 dias.

Essa espécie é altamente agressiva em sua lavoura, podendo se espalhar na plantação em pouco tempo. A infestação desse biótipo causa desfolhagem na planta, deixando-as cada vez mais suscetíveis a doenças e outras pragas.

Essa lagarta reduz drasticamente a produção em sua lavoura, causando prejuízos de 60% em perdas. Além dos gastos para o controle da infestação.

O controle químico com inseticidas específicos e registrados é eficaz nessa situação, além docontrole biológico por meio de predadores, parasitoides e patógenos.

Lagarta helicoverpa (Helicoverpa spp.)

A infestação de lagartas na cultura do algodão é uma das principais causas da queda de qualidade da produção. A lagarta-helicoverpa é uma espécie trazida de fora do Brasil, que hoje representa grande ameaça às lavouras do país.

A infestação acontece em qualquer estágio de desenvolvimento da plantação. O ataque se concentra nas partes aéreas da cultura, principalmente nas:

  • Flores;
  • Folhas;
  • Frutos;
  • Gemas;
  • Caules superiores.

Atacando essas áreas, afeta diretamente o desenvolvimento das plantas, apresentando perfurações nas folhas e raspagens nos ramos. Quando estão sobre ataque, as plantações ficam suscetíveis a aquisição de doenças, podendo ocasionar danos irreversíveis.

A lagarta-helicoverpa em alguns casos apresenta tons verde claro até ficarem mais velhas e atingirem uma coloração com diferentes sobreposições amarronzadas.

Um único espécime pode depositar um máximo de 4000 ovos, o que gera uma superpopulação em pouco tempo de infestação. Os ovos eclodem em torno de 3 a 5 dias de incubação.

A identificação dessa espécie é simples se utilizado uma lupa para auxiliar. Elas apresentam uma alta quantidade de pelos brancos espalhados pela cabeça, além de pintas pretas espalhadas pelo corpo.

A identificação rápida dessa infestação é de grande ajuda quando o assunto é controle. Inseticidas são eficazes nesse caso e, ara utilizar de acordo com a cultura implementada no local, consulte um profissional agrônomo.

5. Percevejo-rajado (Horciasoides nobilellus)

O percevejo-rajado é uma espécie ágil que possui grande mobilidade, por conta disso a praga se espalha rapidamente atacando diferentes pontos de sua lavoura. Sem o manejo adequado, essa praga provoca altas perdas aos produtores de todo o país.

O ataque dessa praga ocorre durante a floração, época em que define grande parte da qualidade da colheita.

O percevejo-rajado demanda de uma alta quantidade de seiva para seu desenvolvimento, prejudicando diretamente as flores e os botões da planta.

Esses ataques geram uma grande queda na produção do algodão, com prejuízos que podem chegar em até mesmo 40% de sua produtividade. Mesmo com médio índice de reprodução, poucos exemplares podem afetar diferentes partes de sua lavoura.

As principais características do percevejo-rajado são:

  • Coloração brilhante;
  • Asas levemente avermelhadas;
  • Riscos amarelos em “V” na parte superior;
  • Patas e ventre com listras amarelas e vermelhas;
  • Tamanho médio entre 4 e 5 mm.

Após a deposição de ovos, leva-se 28 dias para o inseto atingir a fase adulta. O que leva a uma média infestação populacional.

As maneiras mais utilizadas para o manejo do percevejo-rajado é controlando a proliferação de ervas-daninhas que servem de hospedeiro para esse inseto. O uso de inseticidas é recomendado desde que a população da praga cresça consideravelmente.

O controle é feito entre 60 a 120 dias após a germinação da cultura. Nesse período é possível encontrar e eliminar a maior parte dos percevejos para que não ocorram novas infestações na lavoura.

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6. Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea)

O percevejo-castanho é uma das pragas do algodão que mais atacam as lavouras de todo o Brasil. Normalmente, esse inseto se infiltra no solo da plantação, o que dificulta a detecção desse biótipo.

Por vezes, a detecção dessa praga acontece em estágios avançados, o que pode causar danos irreversíveis na lavoura. Essa infestação é confundida com uma desnutrição do solo, sendo desperdiçados grandes doses na aplicação de nutrientes para a planta.

Os insetos adultos atacam diretamente as raízes das plantas, inibindo a sucção de nutrientes por meio do solo. As plantas apresentam coloração amarelada e murchação das folhas.

As respectivas características do percevejo-castanho são sua coloração castanho claro e tamanho de 5 a 8 mm. Essa espécie deposita cerca de 250 ovos que se concentram nas raízes das plantas, dificultando a identificação da praga.

O período de incubação acontece em 14 dias, e no próximo estágio de desenvolvimento os percevejos já devoram as plantas. Se não for efetuado um bom manejo da praga, sérios danos serão causados, reduzindo em até 100% a produção.

As principais práticas de manejo dessa espécie são:

  • O controle biológico por meio dos diferentes predadores do inseto;
  • Manejo do solo pré-plantio;
  • Controle químico em associação com o tratamento de sementes no solo com inseticida.

A pulverização de compostos químicos é a mais utilizada, mas deve ser utilizada em conjunto com outras formas de controle uma vez queos produtos que combatem esse inseto não se acumulam nas raízes das plantas, portanto, só matam as pragas do algodão que estão acima do solo.

7. Percevejo-Marrom (Euschistus heros)

O percevejo-marrom é uma praga que ataca principalmente a cultura da soja. Porém, nas últimas safras houve uma maior inscidência deste inseto no cultivo de algodão.. Sua aparência peculiar gera fácil identificação do biótipo, porém, no início da infestação passam despercebidos por várias pessoas.

Essa espécie se alimenta principalmente dos botões florais e das maçãs do algodão, o que prejudica diretamente a qualidade e desenvolvimento do produto. Causando grandes perdas na produção.

Além de se alimentar das plantações, o percevejo também é o vetor de diferentes doenças que podem matar as culturas jovens. Os insetos se tornam mais ativos nos primeiros dias quentes da primavera.

Como já mencionado, o percevejo-marrom adulto é portador de uma característica única para a espécie. Para diferenciá-lo é só observar o tamanho por volta de 11 mm, coloração marrom-escura por todo o corpo e a aparição de prolongamentos laterais em forma de espinhos perto da cabeça.

Para manejo e controle da espécie, os especialistas recomendam a adoção dos seguintes métodos:

  • Semeadura no início da estação para evitar picos de população;
  • Retirar toda a cobertura de solo na pré-colheita, a aração também resolve;
  • O controle químico é eficaz de preferência com um manejo integrado com o biológico, além de tratamento de sementes
  • O controle biológico por meio de moscas parasitas Tachinídeas, pássaros e aranhas é o mais recomendado em menores populações.

8. Pulgão-do-algodoeiro (Aphis gossypii)

Uma das mais comuns pragas do algodão é o pulgão-do-algodoeiro. Essa espécie devasta lavouras de diferentes regiões do Brasil e é um dos principais responsáveis na queda de produção desse tipo de cultura.

Sozinhos, os pulgões são responsáveis por sugar a seiva da plantação, causando danos em 44% da produção e inibindo o desenvolvimento. Porém, o problema não é só esse, os espécimes são vetores de duas viroses que afetam gravemente o algodoeiro, são elas:

  • Vermelhão: virose que afeta as folhas, deixando-as avermelhadas entre as nervuras, causando pequenos prejuízos para a produção;
  • Mosaico das nervuras: virose que atinge as nervuras foliares, deixando-as amarelas e pálidas, formando um mosaico. Em curto espaço de tempo surge sua forma mais virulenta, chamada como “Ribeirão bonito” sugando os nutrientes das plantas e matando-as.

Mosaico das nervuras: virose que atinge as nervuras foliares, deixando-as amarelas e pálidas, formando um mosaico. Em curto espaço de tempo surge sua forma mais virulenta, chamada como “Ribeirão bonito” sugando os nutrientes das plantas e matando-as.

Em um primeiro nível de infestações de pulgões (primeiras populações da praga), recomenda-se o controle biológico por meio de insetos parasitóides e predadores naturais. Porém, passado esse nível, a utilização de compostos químicos se faz necessário.

A infestação de pragas na lavoura é um fator normal. Porém, saber qual o melhor manejo a se executar é crucial para proteger sua plantação.

Que tal se aprofundar nos estudos de cada praga? Comece pelo pulgão do algodoeiro!