Pragas iniciais do algodoeiro
Pragas que atacam o algodoeiro durante a fase de emergência podem reduzir o estande de plantas e causar perdas de produtividade na lavoura.Pragas podem afetar a produtividade do algodão, e inclusive, interferir de forma irreversível na qualidade final da fibra. Sendo assim, o trabalho de Manejo Integrado de Pragas (MIP) no algodoeiro deve começar antes mesmo do plantio, com foco na redução de perdas por ataques das chamadas pragas iniciais – insetos que atacam a cultura logo após a emergência e causam falhas no estande da lavoura.
Impacto do ataque de pragas da emergência até o 1º botão floral
Logo após a emergência, cerca de 70% da energia da planta passa a ser direcionada para o desenvolvimento radicular. De acordo com Grupo de Estudos Agronômicos em Grãos e Algodão na Universidade Federal de Goiás (UFG), as raízes do algodão crescem de 1,2cm a 5cm por dia nesta etapa.
É nesse contexto que as pragas iniciais ganham importância, pois a planta conta com apenas 30% da sua energia para se recuperar de qualquer tipo de injúria.
Neste estágio da lavoura de algodão, danos de grande impacto podem inviabilizar o desenvolvimento adequado das estruturas reprodutivas nas fases seguintes, e até mesmo eliminar as plantas, causando falhas de estande.
As principais pragas iniciais do algodoeiro
Ainda que seja realizado um excelente trabalho de preparo da área, incluindo dessecação antecipada com inseticidas e utilização de tratamento de sementes industrial, é muito comum que durante o início da safra ocorram algumas pragas na lavoura. Entre as mais importantes estão os insetos tripes (Frankliniella schultzei), cigarrinha (Agallia albidula), mosca branca (Bemisia tabaci), pulgão do algodoeiro (Aphis gossypii), lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus) e percevejo castanho (Scaptocoris castânea).
Para ajudar a identificar e manejar os insetos mencionados acima, que são considerados as principais pragas iniciais do algodoeiro, Bollgard II RR Flex reuniu informações sobre cada uma das espécies.
Tripes (Frankliniella schultzei)
A tripes é uma praga raspadora-sugadora muito pequena, que mede de 1 a 3 mm e se desloca facilmente entre as plantas. Além disso, tem o hábito de se esconder dentro da brotação das folhas do algodoeiro na fase de pós-emergência, o que dificulta seu monitoramento.
De acordo com a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), danos deste inseto em fases iniciais causam o encarquilhamento e espessamento das folhas. Além disso, gera subbrotamentos e prejuízos no crescimento de plantas com 2 a 4 pares de folhas.
O período mais crítico para a ocorrência deste inseto dura até 40 dias após a emergência das plantas.
A recomendação de manejo para esta praga é o tratamento de sementes e aplicações foliares no início do ciclo, quando o monitoramento identificar mais de 10% de plantas atacadas na lavoura.
Cigarrinha (Agallia albidula)
A cigarrinha é um inseto bem pequeno, que se movimenta muito rápido na lavoura. Os adultos têm cor parda, com manchas marrons nas asas. Podem ser encontrados nas folhas superiores das plantas de algodão.
Esta praga sua a seiva do algodoeiro e causa manchas nas folhas que, posterior ao ataque, ficam necrosadas e secas. Os danos da cigarrinha acontecem logo nos primeiros dias após a germinação do algodoeiro, principalmente em lavouras semeadas sobre palhada de braquiária.
Em altas infestações, os danos da cigarrinha podem paralisar o crescimento da planta, que acaba gerando entrenós curtos, com brotações e excrescência nas nervuras, folhas e caules.
Os principais métodos de controle para este inseto são o tratamento de sementes e a pulverização de inseticidas. O manejo deve ocorrer quando a planta apresentar 20% de plantas atacadas.
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Adultos migram de outras culturas para o algodoeiro e sugam seiva. Com as ninfas, a praga se estabelece e se reproduz na lavoura.
Este inseto sugador é conhecido por transmitir viroses como a fumagina. É possível identificar seu ataque ao encontrar uma mela escura causada pela alimentação de mosca branca nas plantas.
O monitoramento deste inseto deve ocorrer até o fim do ciclo, para evitar que as plumas sejam contaminadas. Para manejar a mosca branca a principal ferramenta é o tratamento de sementes, e em fases avançadas da lavoura, são recomendadas pulverizações com inseticidas.
Pulgão do algodoeiro (Aphis gossypii)
O pulgão adulto pode ser identificado pela cor, que varia de amarelo a verde-escuro e pelas formas aladas nas costas. Clima quente e úmido favorecem sua ocorrência.
Este inseto ataca durante todo o ciclo da cultura, mas seu período crítico acontece dos 30 aos 100 dias após a emergência da planta. Além disso, o pulgão é transmissor de viroses, como o vermelhão (Cotton anthocyanosis virus) e o mosaico das nervuras (Cotton leafroll dwarf virus).
Para encontrar danos de pulgão basta procurar por folhas enrugadas ou encarquilhadas e brotos deformados.
Um bom manejo de plantas daninhas antes do plantio e restos culturais antes do plantio são indispensáveis em áreas com histórico de infestações de pulgão. Após a identificação da praga no campo, são recomendadas pulverizações com inseticidas.
Lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
A lagarta elasmo chega a até 15 mm de comprimento e apresenta cor verde azulada, e a cabeça marrom. Esta praga se movimenta com muita facilidade e consegue construir casulos revestidos de solo e de restos culturais entre o solo e o talo da planta.
O dano desta praga acontece quando ela perfura o caule da planta de algodão na altura da superfície do solo ou um pouco abaixo. O ataque pode ser identificado pelas galerias no lenho, que provocam o amarelecimento, murcha e até a morte da planta.
O período de maior atenção com a lagarta elasmo é quando as plantas estão com tamanho entre 10 e 12 cm e duas folhas.
O manejo recomendado para a praga é o tratamento de sementes, que funciona melhor em condições de alta umidade. Clima muito seco favorece a ocorrência da lagarta e exige pulverizações com inseticidas em caso de infestação.
Percevejo castanho (Scaptocoris castanea)
O percevejo castanho é um inseto polífago, e causa danos de maior impacto em culturas como soja, milho e algodão. Os adultos podem atingir até 8 mm de comprimento e apresentam cor marrom-claro. As ninfas e os adultos se alimentam das raízes e sugam seiva da planta.
Ao se alimentar, o percevejo castanho injeta toxinas nas raízes que impactam em redução do crescimento da planta, amarelecimento e murcha.
Em épocas de muitas chuvas, o percevejo marrom fica na superfície do solo se alimentando de raízes. O ataque fica mais grave na estiagem, quando o inseto alcança até 2 m de profundidade no solo e se alimenta das pontas das raízes.
De acordo com a EMBRAPA, o controle químico deste inseto é difícil por conta do seu rápido deslocamento entre o subterrâneo e a superfície do solo. O uso de controle biológico com o fungo Metarhizium anisopliae aliado a tratos culturais, como manejo de plantas daninhas e aração, pode ajudar a minimizar os impactos do percevejo castanho.
Atenção com o bicudo
Tão importante quanto as pragas acima, o Bicudo-do-algodoeiro (Anthonmus grandis) também deve receber atenção neste estágio da lavoura.
Com o objetivo de reduzir perdas nas fases seguintes do algodoeiro, o monitoramento do inseto com armadilhas deve ser iniciado. Os índices de infestação vão indicar se é necessário aplicar inseticidas para a praga.
O manejo de pragas com Bollgard II RR Flex
Bollgard II RR Flex ajuda o cotonicultor no manejo de pragas-chave da cultura do algodão, como lagartas Curuquerê-do-algodoeiro (Alabama argilácea), Lagarta Rosada (Pectnophora gossypiela), Lagarta da Maçã (Heliothis virenscens) e Falsa-Medideira (Chrysodeixis includens). Além disso, apresenta supressão dos complexos Helicoverpa spp. e Spodoptera spp.
O algodão Bollgard II RR Flex também flexibiliza o manejo de plantas daninhas por meio da tolerância ao herbicida glifosato, dando suporte para a execução da estratégia de MIP para pragas iniciais, considerando que a maioria delas pode migrar entre diferentes culturas através de plantas hospedeiras.
Sendo assim, o conhecimento sobre pragas e seus respectivos períodos críticos, aliado a adoção de tecnologias como Bollgard II RR Flex pode tornar o trabalho com a cotonicultura mais rentável e sustentável.