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Tecnologia na agricultura: como implementar a inovação digital?

21 de julho de 2022

O desenvolvimento do setor agrícola passou por muitas transformações nos últimos séculos. Para vencer todos os desafios e aumentar a produtividade no campo, o uso da tecnologia na agricultura foi essencial nesse processo.

Mas se engana quem pensa que as inovações tecnológicas aplicadas ao campo já se esgotaram.

Na verdade, a partir de agora, o uso dessas ainda mais ferramentas será fundamental para que os agricultores consigam vencer o maior desafio enfrentado pelo setor: o aumento acelerado da demanda global por alimentos.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a previsão é que, até 2050, a população mundial aumentará para 9,7 bilhões de pessoas.

Isso significa que, apenas nos próximos 30 anos, haverá um salto de 2 bilhões de habitantes neste planeta.

Esse ritmo de crescimento e essa marca populacional nunca foram atingidos na história!

E como você deve imaginar, com esse aumento populacional, também será necessário aumentar a produção de alimentos e otimizar o uso dos recursos naturais.

A boa notícia é que, nesse cenário, a agricultura brasileira encontrará espaço para crescer e se destacar ainda mais no mercado internacional.

Mas como você, agricultor, pode se preparar e se adaptar para o futuro?

Para isso, o primeiro passo é entender como a evolução da tecnologia transformou completamente a realidade do campo. Assim, será mais fácil entender por que você também deve seguir esse caminho.

A evolução da tecnologia na agricultura

Entre a chamada Agricultura 1.0 e a Agricultura 5.0, ocorreram mudanças fundamentais para a melhoria da qualidade de vida e para o desenvolvimento de outros setores da economia.

Agricultura 1.0: como tudo começou

Estima-se que a agricultura tenha surgido há cerca de 12.000 anos. Apesar de antiga, demorou muito tempo para que o setor apresentasse um crescimento significativo.

Por isso, a chamada Agricultura 1.0, nome que indica o modelo agrícola tradicional, foi utilizada durante milênios.

Durante esse período, o uso de tecnologia era baixo, quase inexistente. Afinal, todos os processos precisavam ser feitos manualmente ou com apenas com o auxílio de animais.

Além disso, a agricultura de subsistência e a agricultura familiar eram as principais fontes de alimentos.

Agricultura 2.0: surgimento dos tratores agrícolas

Acompanhado o avanço da ciência e o desenvolvimento de máquinas para facilitar a produção de produtos em diversos setores, no início do século XX surgiu a chamada Agricultura 2.0.

Esse período foi marcado pelo início da mecanização do campo, com a utilização de tratores e outras máquinas agrícolas.

Como consequência, houve um aumento importante na produtividade da lavoura e a organização da cadeia produtiva agrícola, o que permitiu o surgimento do agronegócio.

Agricultura 3.0: início da Agricultura de Precisão

A partir dos anos 1990, a disponibilidade de água, a fertilidade do solo, entre outras características que influenciam na produtividade da lavoura, começaram a ser avaliadas.

A partir daí, os produtores finalmente tiveram acesso a ferramentas que auxiliaram, de forma mais eficiente, na tomada de decisões.

Foi nessa época que o Sistema de Posicionamento Global por Satélite (GPS) começou a ser utilizado no campo, por exemplo. Aliás, o monitoramento por satélite foi uma das principais marcas da Agricultura 3.0, que se estendeu até 2010.

Agricultura 4.0: início da Agricultura Digital

A partir de 2010 os produtores passaram a ter acesso a ferramentas de automação, integração e conexão com diferentes tecnologias.

Com isso, a Agricultura de Precisão evoluiu e permitiu que agricultores de diferentes portes conseguissem melhorar a produtividade e otimizar a gestão da sua propriedade.

Foi nesse cenário que surgiu a Agricultura 4.0, também chamada de Agricultura Digital, que se destaca pelo uso de dispositivos digitais e se estende até hoje.

Leia também: Agricultura digital: ferramentas alavancando uma nova agricultura

De olho no futuro: Agricultura 5.0

A fase da Agricultura 4.0 nem terminou e outra onda de inovação agrícola já surgiu no horizonte: a Agricultura 5.0.

Nessa nova etapa, o uso de robôs, Internet das Coisas (IoT), tecnologias de suporte de precisão (DDS), Inteligência Artificial, ou seja, devem se tornar ainda mais eficientes.

Assim, os agricultores devem tomar decisões cada vez mais personalizadas para as suas demandas e de acordo com as características da sua propriedade.

Mas quando será que essas tecnologias chegarão ao Brasil?

Tecnologia na agricultura: Qual é o cenário brasileiro?

O Brasil se destaca quando o assunto é tecnologia no campo. De acordo com um relatório produzido pela Embrapa, somente entre 1975 e 2015, o uso de ferramentas tecnológicas foi responsável pelo crescimento de 59% do valor bruto da produção brasileira.

Além disso, entre 1977 e 2017, a produção de grãos aumentou 5 vezes, passando de 47 milhões de toneladas para 237 milhões de toneladas. E isso tudo foi realizado com a expansão de apenas 60% das áreas plantadas.

Isso mostra que os produtores brasileiros têm conseguido utilizar a tecnologia a seu favor, aumentando a produção e otimizando a lavoura. A boa notícia é que essa busca por inovação e eficiência não deve parar por aqui.

O impacto da tecnologia na agricultura brasileira

De acordo com uma pesquisa realizada pela Embrapa em parceria com o Sebrae, pelo menos 84% dos agricultores brasileiros utilizam alguma tecnologia durante o processo produtivo. Além disso, mais de 70% deles utilizam a internet para acessar conteúdos relacionados à agricultura.

Outro dado interessante é que 40% desses produtores já realizaram a compra ou a venda de insumos e até da produção pela internet. Ou seja, os produtores brasileiros não só utilizam, como também estão dispostos a aprender e a aplicar as inovações tecnológicas no campo.

De acordo com o especialista em tecnologia, José Augusto Tomé, CEO e Co-fundador da AgTech Garage, o uso desses recursos tem um impacto positivo em toda a cadeia produtiva. Esse impacto começa no planejamento e impacta até mesmo o manejo e a venda da produção.

E se você, produtor, ainda não utiliza a tecnologia como aliada, está na hora de aprender mais sobre o assunto.

Como o produtor pode utilizar a tecnologia a seu favor?

Apesar do impacto das transformações digitais em vários setores e da expansão do uso de tecnologias na agricultura brasileira, o setor agrícola ainda é um dos mais atrasados em termos de inovação.

Isso significa que a aplicação de novas ferramentas de controle e monitoramento no campo ainda devem crescer muito.

Com isso, os produtores terão acesso a vários benefícios:

  • Aumenta a produtividade;
  • Personaliza o tratamento do solo e o manejo de pragas;
  • Facilita a identificação e diagnóstico de problemas.
  • Melhora a etapa de planejamento;
  • Aumenta a previsibilidade e a precisão das decisões;
  • Reduz os custos de produção;
  • Diminui os riscos relacionados a pragas, desastres naturais e variações climáticos, que podem afetar a produtividade da lavoura;
  • Aumenta a lucratividade do produtor.

Como ter acesso a esses benefícios?

Atualmente, a conectividade de máquinas agrícolas, o uso de tecnologias associadas à IoT, além de equipamentos e softwares para monitoramento climático, por exemplo, são algumas das principais tecnologias utilizadas na agricultura.

Além disso, de acordo com o especialista José Tomé, já é possível encontrar softwares de monitoramento que não só recolhem dados da lavoura, como também fornecem diagnósticos, insights e até orientações ao agricultor.

Todos esses exemplos citados foram integrados à Agricultura de Precisão. E você, agricultor, precisa conhecer, e quem sabe usar, 4 tipos de tecnologia na agricultura.

Sensores

O uso de sensores é fundamental para acompanhar a saúde da sua plantação. Conectados à internet, eles são capazes de gerar diagnósticos sobre o solo, a presença de pragas e a performance da plantação.

A melhor parte é que esses sensores permitem o monitoramento constante e em tempo real, facilitando que, em caso de problemas, o agricultor consiga agir rápido para encontrar soluções.

Drones

Como os satélites não estão disponíveis o tempo todo e não produzem uma imagem de alta qualidade, muitos produtores têm preferido investir nos drones.

Isso porque os drones conseguem carregar câmeras de alta resolução e até sensores.

Por isso, eles produzem imagens de alta qualidade, além de revelar dados importantes para o monitoramento da lavoura.

Com o seu auxílio, o produtor consegue otimizar o plantio de sementes, o uso de insumos, a contagem de plantas, a detecção de pragas e até a medição do efeito de tratamentos aplicados.

Softwares de gestão agrícola

Os softwares de gestão são fundamentais para o produtor que deseja simplificar e otimizar sua propriedade.

Esse tipo de programa reúne diversos dados relacionados ao desempenho da lavoura, ao uso de insumos e até fornece diagnósticos da área.

É claro que suas funcionalidades variam de acordo com o programa. OO Climate Fieldview, por exemplo, é a plataforma de agricultura digital da Bayer que auxilia no gerenciamento de suas operações com mais eficiência durante toda a safra, do plantio à colheita.

Automação

A tendência é que o número de equipamentos agrícolas autônomos, como tratores e adubadoras, utilizados na lavoura aumentem.

Essas máquinas, guiadas por geolocalização e controladas de forma remota, estão chegando ao mercado aos poucos e prometem ser muito precisas e eficientes em suas atividades.

Lembrando que esses são apenas alguns exemplos e que você, produtor, não precisa investir em todos ao mesmo tempo.

O importante é entender a importância dessas tecnologias e se preparar para implementá-las na sua fazenda.

Vamos impulsionar o futuro!