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Lagartas da soja: tipos, danos e manejo

As lagartas da soja causam danos que podem comprometer até 40% da produção agrícola, dependendo da espécie. Veja como evitar esses danos e proteger a lavoura.
18 de setembro de 2024

As lagartas da soja integram o grupo das principais pragas que atacam a cultura. Caso não sejam controladas, esses insetos podem causar prejuízos significativos ao produtor.

A helicoverpa é um dos exemplos mais conhecidos de como uma lagarta pode devastar a plantação. Para se ter uma ideia dos prejuízos causados por essa espécie, sua infestação chegou a causar perdas de R$ 1,7 bilhão somente na Bahia em 2013.

No entanto, a helicoverpa não é a única praga capaz de comprometer a produtividade e rentabilidade da soja. Por isso, o sojicultor deve adotar as medidas necessárias para manter a lavoura protegida das principais lagartas que atacam a cultura.

Neste artigo, explicaremos quais são essas lagartas, como identificá-las e quais as melhores práticas de manejo dessas pragas.

Quais são os principais tipos de lagartas que atacam a soja?

De acordo com o Manual de identificação de insetos produzido pela Embrapa, existem mais de 40 pragas que atacam a cultura da soja.

Esse grupo também inclui as chamadas lagartas da soja, que se destacam pelo potencial de disseminação, infestação e danos à lavoura.

Dentre essas lagartas, pelo menos sete espécies são mais identificadas com mais frequência nas principais regiões produtoras do Brasil.

Confira abaixo quais são essas espécies, como identificar essas pragas e os danos que elas causam à lavoura.

1. Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

Anticarsia gemmatalis
Fonte: Agrolink

A lagarta-da-soja já foi considerada a principal desfolhadora de soja no Brasil. Caso sua população não seja controlada, a plantação pode sofrer mais de 30% de desfolhamento, comprometendo a produtividade da safra.

Ao todo, essa espécie passa por seis instares ou estágios de desenvolvimento. Nos primeiros estágios, ela possui uma coloração verde e podem ser confundidas com a falsa medideira.

Quando a lagarta atinge mais de 1,5 cm de comprimento, pode ser encontrada nas cores verde ou escura. Além disso, ela apresenta três linhas longitudinais brancas no dorso.

Os problemas causados por essa espécie começam mesmo a partir do terceiro instar de desenvolvimento, quando ela é capaz de perfurar as folhas. Por ser desfolhadora, normalmente, elas aparecem a partir do estágio vegetativo V2 da soja.

Segundo o manual da Embrapa, entre o quarto e sexto estádio, as lagartas consomem mais de 95% do total de consumo foliar, que é de 100 a 120 cm2 por indivíduo.

Caso grandes populações dessa espécie não sejam controladas, o sojicultor pode registrar perdas severas de produtividade em função da desfolha da lavoura.

2. Falsa medideira (Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu)

Rachiplusia nu
Fonte: Agrolink

A falsa medideira pode causar danos econômicos na fase vegetativa e reprodutiva da soja. Ela recebe esse nome porque se desloca medindo palmos, característica importante para diferenciá-la de outras espécies de lagarta.

Essa praga consome as folhas da planta, que ganha um aspecto rendilhado. Por conta da sua velocidade de consumo foliar, a falsa medideira causa a desfolha das plantas, prejudicando seu desenvolvimento e produção.

Vale lembrar que existem duas espécies conhecidas como falsa-medideira: Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu. Ambas têm aparências semelhantes, já que as duas apresentam coloração verde-clara, listras brancas e pontos pretos.

A diferença é que a C. includens ocorre em todo o Brasil e é mais difícil de ser controlada. Isso porque essa praga está localizada na região inferior das plantas e são mais tolerantes a alguns inseticidas.

Embora provoque os mesmos danos que a C. includens, a R. nu ocorre principalmente na Região Sul do país

3. Lagarta-da-maçã (Chloridea virescens)

Chloridea virescens
Fonte: Agrolink

Apesar de ser uma praga mais destrutiva nas lavouras de algodão, a lagarta-da-maçã também pode causar prejuízos aos produtores de soja. Isso porque essa espécie pode consumir as vagens, folhas e até os brotos terminais da soja.

Quando recém-eclodida, a lagarta-da-maçã se alimenta principalmente das folhas mais jovens. Conforme aumentam de tamanho, ela passa a consumir as estruturas reprodutivas da soja.

A coloração dessa praga varia entre verde-amarelado, marrom-avermelhado e preto. Para facilitar sua distinção das demais, é importante observar se a lagarta tem listras pálidas e pontos pretos em todo o corpo, características comuns nessa espécie.

4. Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

Elasmopalpus lignosellus
Fonte: Agrolink

Também conhecida como broca-de-solo, a lagarta-elasmo pode medir até 16 mm, apresenta coloração verde a azulada, além de faixas marrons ou avermelhadas. Ela também se diferencia pela sua cabeça pequena e de coloração escura, que se destaca em relação ao corpo.

Ao contrário das demais, essa praga ataca as plântulas da soja. Ela prefere atacar plantações cultivadas em solos arenosos e períodos secos.

Durante o ataque, a praga penetra a planta abaixo do solo e cava uma galeria até chegar ao caule. Em seguida, ela cria um casulo, coberto por excrementos e terra.

Esse processo deixa a plântula muito debilitada, facilitando sua quebra. Geralmente, ele leva a planta à morte, prejudicando o estabelecimento e a produtividade da lavoura.

Como a broca-do-solo pode se alimentar dos restos culturais, ela pode ser identificada antes do início do plantio da soja. Devido ao seu hábito de cortar plântulas, ela costuma atacar nas primeiras fases de desenvolvimento da planta, chegando a causar danos até 30 dias depois da emergência.

5. Broca-das-axilas (Crocidosema aporema)

Crocidosema aporema
Fonte: Agrolink

A broca-das-axilas é uma lagarta pequena, com coloração que varia entre o branco e o amarelo e uma cabeça marrom. Ela se destaca porque pode causar danos consideráveis à produção quando ocorrem em alta incidência na fase vegetativa da soja.

Durante seu ataque, as fêmeas das broca-das-axilas depositam os ovos nos brotos foliares, e à medida que as larvas se desenvolvem, unem os folíolos mais novos por fios de seda formando um abrigo.

Quando maiores as larvas se locomovem para as axilas das folhas, abrindo galerias nos pecíolos e hastes, onde se abrigam e se alimentam, obstruindo o fluxo de seiva.

Como resultado, a broca-das-axilas causa o desenvolvimento anormal da soja. Por conta do ataque, a planta pode apresentar redução de altura, aumento da formação de ramos secundários e diminuição da altura de inserção das primeiras vagens. Tudo isso aumenta as perdas na colheita.

6. Helicoverpa (Helicoverpa armigera)

Helicoverpa zea
Fonte: Agrolink

Embora também ataque outras culturas, como milho e algodão, a Helicoverpa armigera é uma praga especialmente destrutiva para a lavoura de soja. Essa lagarta pode alcançar até 4 cm de comprimento e apresentar uma coloração verde, com tonalidades amarelo e rosada, ou completamente preta.

As perdas causadas por essa praga podem chegar a 40% da produção. Tamanho prejuízo é um reflexo do comportamento da helicoverpa na lavoura de soja. A praga pode atacar tanto a fase vegetativa quanto a reprodutiva da cultura.

Quando ataca a plântula, a praga pode provocar a desfolha e consumir os brotos da soja. Já na fase reprodutiva, a praga pode atacar flores e vagens, consumindo os grãos da soja.

7. Lagarta-preta-da-soja (Spodoptera cosmioides)

Spodoptera frugiperda
Fonte: Agrolink

Também conhecida como lagarta-marrom, a lagarta-preta-da-soja integra o chamado complexo Spodoptera. Esse complexo é composto por várias espécies de lagartas que atacam a cultura da soja e apresentam características semelhantes.

A lagarta-preta-da-soja se diferencia por causar prejuízos significativos a diversas culturas, incluindo a soja.

Essa espécie apresenta coloração marrom a preta e listras amareladas ao longo do corpo, que se prolongam até a cabeça. Próximas à fase de pupa, exibem uma faixa anelar preta logo após as patas torácicas e outra no final do abdômen.

Assim como outras espécies que integram o complexo, a lagarta-marrom pode causar a desfolha e danificar as vagens e grãos da soja, reduzindo a produtividade da lavoura. Por isso, o prejuízo econômico provocado por essa praga é grande.

Por conta do seu alto grau de polifagia, a infestação dessa praga pode ser influenciada pela presença de ervas daninhas ou plantas voluntárias, como milho e algodão, na lavoura de soja.

Como fazer o controle das lagartas da soja?

A estratégia mais eficiente para controlar as lagartas da soja e prevenir infestações é o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Essa abordagem combina diferentes práticas e técnicas de controle cultural, genético, biológico e químico.

O objetivo é tornar a aplicação dessas práticas mais precisas e eficientes. Por esse motivo, o MIP é considerado uma estratégia aliada da agricultura sustentável.

No caso das lagartas da soja, o produtor pode investir nas seguintes práticas de controle do MIP:

  • Invista no monitoramento de pragas em todas as etapas de desenvolvimento da soja, garantindo a identificação precoce das lagartas;

  • Adote práticas de controle cultural, como destruição de restos culturais, plantar na época adequada e fazer o manejo de plantas daninhas e tigueras;

  • Utilize sementes com tecnologia Bt, geneticamente modificadas para serem mais resistentes ao ataque de determinadas lagartas;

  • Faça o plantio da área de refúgio importante para proteger a longevidade da eficiência da tecnologia BT;

  • Faça o controle biológico das lagartas da soja utilizando os inimigos naturais dessa praga, como as espécies indicadas na publicação da Embrapa;

  • Invista no controle químico das lagartas, técnica que deve ser aplicada em sistema de rotação de mecanismos de ação para evitar o desenvolvimento de pragas resistentes.

A combinação dessas práticas de controle de pragas agrícolas é fundamental para proteger a lavoura e vencer o desafio de lidar com as lagartas da soja.

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