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Lagartas da soja: quais as principais espécies e como realizar um manejo eficiente

A identificação e o manejo das lagartas da soja são fundamentais para controlar a infestação da lavoura que causa redução da produtividade e rentabilidade21 de julho de 2022

Falsa medideira, complexo Spodoptera e Helicoverpa são apenas alguns exemplos de lagartas capazes de atacar a soja em diferentes fases de desenvolvimento.

Como consequência da infestação, muitas plantas chegam a morrer ou apresentam problemas que afetam seu ciclo de desenvolvimento.

Por isso, caso o produtor não faça o controle no momento certo, poderá comprometer a produtividade da safra e reduzindo sua rentabilidade.

Felizmente, existem alternativas para evitar esses problemas. Para isso, o primeiro passo é conhecer as características das principais lagartas que atacam a cultura da soja. Depois disso, será mais fácil identificá-las e, mais importante, descobrir como controlar a presença dessas pragas.

Entenda abaixo!

Quais são as lagartas que atacam a soja?

De acordo com o Manual de Identificação de Insetos e Outros Invertebrados que atingem a cultura da soja, produzido pela Embrapa, mais de 40 pragas já foram identificadas.

Desse total, algumas, são as mais frequentemente identificadas em diferentes regiões do Brasil.

São elas:

  1. Lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis);
  2. Falsas medideiras (Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu);
  3. Lagarta-da-maçã (Chloridea virescens);
  4. Lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus);
  5. Broca-das-axilas (Crocidosema aporema);
  6. Complexo Helicoverpa (Helicoverpa armigera e H. zea);
  7. Complexo Spodoptera (Spodoptera eridania, S. cosmioides e S. frugiperda);

Nos próximos tópicos, é possível conhecer as principais características de cada uma delas.

Lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis)

Anticarsia gemmatalis
Fonte: Agrolink

Já foi considerada a principal desfolhadora de soja no Brasil, sendo encontrada em todas as regiões produtoras e causando danos severos à lavoura.

O tipo de dano causado varia de acordo com o estágio de desenvolvimento da lagarta e com o tamanho da população.

Nos primeiros estágios, ela possui uma coloração verde. No entanto, os problemas começam mesmo a partir do terceiro instar, quando ela é capaz de perfurar as folhas.

Já nos últimos estágios de desenvolvimento, quando a lagarta apresenta uma cor verde ou escura, ela é capaz de produzir danos mais graves.

Caso a população não seja controlada, a lavoura pode sofrer mais de 30% de desfolhamento, comprometendo a produtividade da safra.

Falsa medideira

Rachiplusia nu
Fonte: Agrolink

Existem duas espécies mais conhecidas que são popularmente chamadas de falsa-medideira: Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu. Elas recebem esse nome em função da forma de movimentação, já que se deslocam como se estivessem medindo palmos.

Além disso, ambas têm aparências semelhantes, já que ambas possuem coloração verde-clara, listras brancas e pontos pretos.

Apesar dessas semelhanças, algumas características ainda permitem a diferenciação entre essas espécies por especialistas. Veja abaixo:

  • Chrysodeixis includens: essa espécie ocorre em todo o Brasil, consome quase toda a folha, deixando apenas as nervuras intactas. É de difícil controle por estar localizada principalmente na região inferior das plantas, além de possuir maior tolerância a alguns inseticidas;
  • Rachiplusia nu: ocorre principalmente na Região Sul do Brasil e provoca os mesmos danos que a Chrysodeixis includens. Ela se diferencia em função da estrutura da mandíbula e da pela ausência de vestígios de falsas pernas abdominais no 3° e 4º segmento abdominal. Por isso, para identificar essa espécie é fundamental a análise de um profissional especializado.

Lagarta-da-maçã (Chloridea virescens)

Chloridea virescens
Fonte: Agrolink

Apesar de ser uma praga mais destrutiva nas lavouras de algodão, a lagarta-da-maçã também pode causar prejuízos aos produtores de soja. Afinal, essa praga pode causar danos nas vagens, folhas e até os brotos terminais da soja.

Por isso, é importante ficar atento à presença dessa lagarta, que é bem adaptada ao clima quente da região centro-oeste do país.

Vale lembrar que a lagarta-da-maçã pode apresentar diferentes colorações, que variam entre verde-amarelado, marrom-avermelhado e até preto. Além disso, a maioria delas também pode ser identificada em função da presença de listras pálidas e pontos pretos em todo o corpo.

Lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

Elasmopalpus lignosellus
Fonte: Agrolink

Também conhecida como broca-de-solo, a lagarta elasmo é uma praga negligenciada por muitos produtores. No entanto, ela é capaz de deixar a planta muito debilitada, facilitando sua quebra e na maioria das vezes leva a planta à morte diminuindo muito a população inicial da lavoura.

Nesse caso, é bom monitorar a soja ainda no estádio de plântula, porque essa lagarta já pode estar presente antes do plantio se alimentando de restos culturais. Devido ao seu hábito de cortar plântulas, ela costuma atacar nas primeiras fases de desenvolvimento da planta, chegando a causar danos até 30 dias depois da emergência.

Leia também: Percevejos da soja: eles precisam ser controlados para evitar danos

Broca-das-axilas (Crocidosema aporema)

Crocidosema aporema
Fonte: Agrolink

As fêmeas das broca-das-axilas depositam os ovos nos brotos foliares, e à medida que as larvas se desenvolvem, unem os folíolos mais novos por fios de seda formando um abrigo. Quando maiores as larvas se locomovem para as axilas das folhas, abrindo galerias nos pecíolos e haste, onde se abrigam e alimentam, obstruindo o fluxo de seiva. Como consequência, a planta pode apresentar um desenvolvimento anormal e até mesmo morrer. Podem atacar também botões florais e vagens.

Outro detalhe importante é que essa praga ataca, principalmente, em regiões de clima temperado. Também é importante lembrar que essa lagarta é pequena, sendo que seu corpo apresenta uma cor que varia entre o branco e o amarelo e a cabeça é marrom.

Complexo Helicoverpa - (Helicoverpa armigera e H. zea)

Helicoverpa zea
Fonte: Agrolink

Apesar de também ocorrer em outras culturas, como milho e algodão, a Helicoverpa armigera é uma praga especialmente destrutiva para a lavoura de soja.

A estimativa de perda causada por essa lagarta pode atingir 40% da produção.

Isso porque essa lagarta pode atingir tanto a fase vegetativa quanto a reprodutiva da planta.

Quando as lagartas atacam na fase de plântula, podem provocar a desfolha e consumir os brotos. Já na fase reprodutiva, ela pode causar danos nas flores e vagens.

Vale lembrar que essa lagarta pode alcançar até 40 mm de comprimento e que sua coloração predominante pode ser verde ou preta, colorações que podem ser acompanhadas das tonalidades amarelo e rosada.

Outra praga que vem atacando a cultura da soja é a Helicoverpa zea. De ocorrência mais comum na cultura do milho, ela pode causar os mesmos danos que a H. armigera na cultura da soja. Ambas as espécies são muito similares morfologicamente, sendo necessário o uso de técnicas específicas para sua diferenciação, realizadas somente por especialistas.

Complexo Spodoptera

Spodoptera frugiperda
Fonte: Agrolink

É importante ter cuidado durante a identificação das espécies desse complexo. Isso porque, várias espécies que atingem a cultura da soja pertencem a esse grupo.

Entre elas, três são especialmente frequentes no Brasil: Spodoptera eridania, S. frugiperda e S. cosmioides.

Elas podem atingir até 50 mm de comprimento e atacam as flores, vagens e as folhas da planta.

Por isso, o prejuízo econômico provocado por essas pragas é grande.

Uma curiosidade importante sobre essas pragas é que, pelo alto grau de polifagia, a infestação pode ser influenciada pela presença de ervas daninhas ou plantas voluntárias como milho e algodão.

De qualquer forma, a diferenciação entre as espécies é difícil e a intensidade do ataque também varia de acordo com o tipo de lagarta da vagem da soja.

Apesar disso, ainda é possível verificar algumas diferenças entre essas duas espécies:

  • Spodoptera eridania: apresenta coloração cinza-escura e faixas de tonalidade clara ao longo do dorso sendo que a listra é interrompida no primeiro segmento abdominal por uma mancha escura não chegando até a cabeça.
  • Spodoptera cosmioides: pode apresentar coloração marrom a preta e listras amareladas ao longo do corpo que se prolongam até a cabeça. Próximas à fase de pupa, exibem uma faixa anelar preta logo após as patas torácicas e outra no final do abdômen.
  • Spodoptera frugiperda: possui quatro pontos no final do abdômen dispostos em forma de quadrado, e uma marca em formato de “V” invertido na cabeça.

Como as lagartas aparecem?

Todas as lagartas citadas anteriormente possuem uma característica em comum: os ovos são depositados por mariposas. Isso significa que as lagartas representam apenas as fases iniciais do ciclo de vida desses insetos.

O momento em que esses ovos são depositados na lavoura varia, principalmente, em função do clima, da fase de desenvolvimento da planta e de acordo com as características do ciclo de vida da própria mariposa.

Sendo assim, o aparecimento dessas lagartas pode ocorrer em diferentes situações e até atingir de formas variadas lavouras localizadas em diferentes regiões do país.

De qualquer forma, a melhor forma de evitar os danos causados por essas pragas é o investimento no monitoramento e controle das lagartas.

Como identificar as lagartas da soja?

Mesmo conhecendo as características das principais lagartas, identificar e diferenciar cada uma delas pode ser uma tarefa difícil. Como cada lagarta exige um controle específico, caso a identificação seja feita da forma errada, o agricultor pode colocar em risco toda a produção.

Sendo assim, para evitar perdas na lavoura e aumentar a eficiência do manejo, o monitoramento é o principal método a ser utilizado. Além de permitir a identificação precoce das lagartas, o monitoramento permite que o agricultor saiba exatamente quando realizar o controle e o manejo adequado para combater infestações.

Vale lembrar que existem diferentes formas de controlar a presença de pragas, o que significa que o produtor pode utilizar diferentes métodos para impedir o ataque à lavoura.

Entenda abaixo.

Como controlar as lagartas da soja?

A adoção de boas práticas de manejo pode evitar os prejuízos causados pelas lagartas. Dentre elas podemos citar o uso de sementes com biotecnologias resistentes às principais lagartas aliada a um tratamento de sementes de qualidade.

Utilização de sementes com tecnologia Bt

Algumas variedades de soja geneticamente modificadas oferecem tecnologia de resistência ao ataque de determinadas lagartas, por expressar proteínas Bt. Por isso, investir em sementes certificadas e com biotecnologia, contribui para a redução da presença de muitas pragas na lavoura.

Controle Biológico das lagartas da soja

Diferentes organismos como, parasitóides, fungos, vírus e bactérias, podem ser utilizados como aliados no combate às pragas que atingem a cultura da soja.

Esses micro e macroorganismos são inimigos naturais das lagartas, promovendo o equilíbrio dentro da lavoura que podem ser preservados com o uso de inseticidas seletivos principalmente nas fases iniciais da lavoura.

De acordo com uma publicação da Embrapa, esse controle pode ser realizado de diferentes formas, sendo que a adoção de qualquer um deles depende do tipo de lagarta que ataca a plantação.

Controle Químico das lagartas da soja

Muito utilizado no combate às diferentes pragas da lavoura, o controle químico é muito eficiente no controle das lagartas. Esse controle é realizado com o uso de inseticida — como Belt e Larvin, ou Certero — deve ser escolhido com base na espécie de lagarta e no momento da infestação.

No entanto, para que a aplicação de inseticida ocorra de forma eficiente e resulte em bons resultados, é importante monitorar a lavoura e consultar técnicos e engenheiros capacitados.

O serviço de monitoramento Patrulha, por exemplo, oferece todas as informações necessárias para ajudar o agricultor a tomar as decisões corretas para enfrentar as pragas da lavoura.

Conheça as vantagens do Patrulha!

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