Saiba o que é e como fazer a fixação biológica de nitrogênio
De acordo com a EMBRAPA, a fixação biológica de nitrogênio proporciona economia anual bilionária ao reduzir o uso de fertilizantes na produção de soja.17 de julho de 2024 /// 10 minutos de leituraA fixação biológica de nitrogênio (FBN) é uma das práticas da agricultura de baixo carbono que contribui para a redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE). De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a FBN pode reduzir a necessidade de adubação nitrogenada no cultivo de culturas de interesse comercial, como a soja.
Além de ampliar a sustentabilidade da atividade agrícola, a FBN otimiza os custos do produtor. De acordo com o livro “Agricultura de baixo carbono: tecnologias e estratégias de implementação”, publicado pela EMBRAPA, ao reduzir o uso de fertilizantes na sojicultura, a fixação biológica de nitrogênio gera uma economia anual de US$ 7 bilhões.
Para apresentar o que é e como fazer a fixação biológica de nitrogênio, produzimos este artigo que reúne as principais informações sobre o tema.
O que é fixação biológica de nitrogênio
A FBN é um processo natural que ocorre por meio da relação simbiótica entre algumas bactérias e as raízes das plantas. Para fixar nitrogênio, essas bactérias capturam e convertem o nitrogênio atmosférico (N₂) em amônia (NH₃), que é uma forma de nitrogênio assimilável pelas plantas.
As principais bactérias envolvidas são Rhizobium japonicum, Bradyrhizobium elkanii e Bradyrhizobium diazoefficiens. Existem recomendações de FBN para diferentes cultivos economicamente importantes para o país, como arroz, trigo, milho, feijão e soja.
Entenda como acontece a fixação biológica de nitrogênio:
A semente é inoculada com as bactérias do gênero Rhizobium.
No início do desenvolvimento da cultura, as bactérias penetram nas raízes da planta através dos pelos radiculares.
As bactérias induzem a formação de nódulos nas raízes.
O nitrogênio capturado pelas bactérias é convertido em amônia dentro dos nódulos.
Ao final deste ciclo, as plantas absorvem o nitrogênio convertido em amônia.
Segundo a EMBRAPA, o processo de formação dos nódulos pode ser iniciado até três semanas após a inoculação.
Como fazer a fixação biológica de nitrogênio na lavoura
A inoculação de sementes é o primeiro passo para realizar a FBN na lavoura. Neste procedimento, as sementes entram em contato com um produto conhecido como inoculante, que contém grande quantidade de bactérias do gênero Rhizobium.
Os inoculantes podem ser aplicados no sulco de plantio ou diretamente nas sementes por meio do tratamento industrial de sementes (TSI). Para fazer a fixação biológica de nitrogênio na lavoura é preciso semear as sementes imediatamente após a inoculação.
O resultado deste trabalho depende de alguns cuidados. Veja quais são as recomendações da EMBRAPA para que a FBN seja realizada corretamente:
Qualidade do inoculante
Utilize produtos que apresentam o número de registro do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) na embalagem, e que estejam dentro do prazo de validade.
Planejamento de plantio
Quanto menos tempo entre a inoculação e o plantio, maior é a taxa de viabilidade das bactérias e a efetividade da inoculação.
Condições do solo
Certifique-se de que o solo esteja em condições adequadas de pH (entre 6.0 e 7.0), e com boa disponibilidade de matéria orgânica para favorecer a atividade bacteriana.
Monitoramento dos nódulos
Após cerca de três semanas, verifique a presença de nódulos nas raízes das plantas. Nódulos saudáveis geralmente são rosados ou avermelhados internamente, indicando atividade de fixação.
Gestão hídrica
Mantenha o solo úmido, mas evite encharcamento. O excesso de água pode prejudicar a atividade das bactérias.
No final desse processo, as plantas passam a receber nitrogênio pelos nódulos das raízes em quantidades adequadas para se desenvolver. De acordo com a cultivar, manejo da lavoura e condições do solo, a adubação nitrogenada pode ser dispensada ou otimizada.
Importância da fixação biológica de nitrogênio para a sustentabilidade da agricultura
A FBN é uma das práticas de agricultura de baixo carbono difundidas pelo Plano ABC, política pública Brasileira voltada para a redução das emissões de GEE na agricultura e pecuária. Além de contribuir para a sustentabilidade na produção agrícola, a FBN impacta positivamente a renda do agricultor.
Conheça alguns fatores que tornam a fixação biológica de nitrogênio importante para a sustentabilidade da agricultura:
Redução de emissões de GEE
A FBN diminui a necessidade de fertilizantes nitrogenados sintéticos, cuja produção e aplicação são grandes fontes de emissões de GEE.
Melhoria da fertilidade do solo
A presença de bactérias fixadoras de nitrogênio aumenta a disponibilidade de nitrogênio no solo, melhorando a saúde e a fertilidade do solo a longo prazo.
Baixo custo de implementação
A FBN não aumenta o número de operações no campo. Além disso, o preço da maioria dos inoculantes é inferior ao preço de fertilizantes sintéticos.
Produtividade
De acordo com estudo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), lavouras de soja inoculadas com bactérias dos gêneros Bradyrhizobium e Azospirillum spp. apresentaram incremento de produtividade de até 5,6 sacas por hectare.
Conforme a Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes (ANAPII), a FBN apresenta resultados relevantes como estratégia para a redução de emissão de GEE no cultivo da soja. Estima-se que a FBN contribui para uma redução de 5,4 toneladas de equivalentes de dióxido de carbono (CO2) por hectare.
O programa PRO Carbono da Bayer
O programa PRO Carbono da Bayer é uma iniciativa que promove práticas agrícolas sustentáveis com foco na redução de emissões de carbono. Este programa inclui a FBN como uma das tecnologias-chave para alcançar seus objetivos.
Agricultores que fazem parte do programa podem acessar diversos benefícios, como:
Análise de fertilidade.
Monitoramento de emissões de carbono.
Diagnóstico socioambiental das propriedades.
Acesso a conteúdo especializado.
Consultoria técnica para implementação de manejo sustentável.
Para saber mais sobre a importância do manejo da agricultura e pecuária voltados para a captura de carbono e redução de emissão de GEE, assista ao Impulso Cast EP.12: