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Os desafios para o cultivo do milho safrinha 2024

09 de janeiro de 2024

Milho

De acordo com o último boletim de acompanhamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), publicado em 7 de dezembro, o plantio da primeira safra de milho 2023/24 alcançou 60% da área prevista no final de novembro. Com base em dados da safra passada, a CONAB considera que o plantio continua atrasado em relação à última safra, que na mesma época registrava 71,2% da área semeada.

Segundo o boletim, o atraso nas operações de plantio do milho foi causado pelos extremos climáticos, que têm ocorrido por influência do fenômeno El Niño. Os principais exemplos de impactos destas adversidades são o excesso de chuvas na Região Sul, e a falta de chuvas e altas temperaturas nas demais regiões produtoras do país.

Em participação no Impulso Negócios EP. 103, publicado pelo canal Agro Bayer Brasil no YouTube, o analista de mercado Alexandre Mendonça de Barros aponta que há 100% de probabilidade de o El Niño seguir influenciando as condições climáticas do país até o início do próximo ano. De acordo com o especialista, o cenário tende a mudar a partir do 2º trimestre de 2024.

Até o momento, as condições climáticas estão afetando diretamente o cultivo do milho verão, da soja, e das demais culturas que devem ser semeadas nesta época. No entanto, especialistas afirmam que, como consequência desse atraso no plantio do, o cultivo do milho safrinha também pode ser afetado.


Os impactos do clima no milho safrinha 2024

Em entrevista ao canal AgroMais, Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que, por conta do clima, é esperada uma redução da janela de plantio do milho segunda safra em 2024, dado o atraso no plantio do milho verão e da soja.

Segundo o boletim de condições e perspectivas da safra Mercosul, publicado pela consultoria Céleres, o cultivo do milho safrinha pode ser arriscado, tendo em vista as janelas de plantio não ideais, e as baixas margens operacionais. A consultoria também projeta que as condições de mercado e clima serão cruciais nos planejamentos da segunda safra de milho até fevereiro.

Ainda segundo a levantamento da Céreles, haverá uma redução na área plantada com milho safrinha em 2024.

A preocupação acerca do plantio do milho segunda safra se dá por uma série de fatores, que podem afetar operações a produtividade das lavouras. Veja quais são os principais impactos que o clima pode causar no cultivo e manejo do milho safrinha em 2024:

  • Redução de área plantada
    Produtores devem reduzir a área destinada ao milho safrinha por conta das incertezas climáticas, e para otimizar operações. Principalmente nas regiões onde há excessos de chuvas, o cultivo de milho em menores áreas possibilita que as operações sejam realizadas em tempo de aproveitar a janela ideal de plantio, ou dias com condições climáticas favoráveis.
  • Erosão, lixiviação e perda de estande
    A chuva em excesso, seguida de altas temperaturas, pode afetar o solo descoberto, causando erosões e a lixiviação de nutrientes e outros produtos aplicados na lavoura. Isoladamente, as altas temperaturas podem inviabilizar o plantio por conta das condições do solo, e afetar a germinação e emergência das plantas de milho, causando falhas de estande.
  • Plantio fora da janela ideal
    Com o atraso do plantio do milho verão, certamente haverá atraso na colheita da cultura. Neste cenário, os produtores tendem a perder as janelas de plantio estipuladas pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para o cultivo do milho safrinha. Isso significa que a lavoura pode enfrentar estresses ao longo da safra, como a falta de chuvas em períodos em que a cultura mais precisa de água.
  • Condições favoráveis para pragas e doenças
    Com o plantio atrasado, o milho segunda safra pode ficar mais vulnerável a pressão de insetos-praga que encontram condições favoráveis em clima de altas temperaturas. O excesso de chuvas e a alta umidade, por outro lado, representam risco porque favorecem a ocorrência de doenças.

Como se preparar para o cultivo do milho safrinha em 2024?

Sabemos que não é possível evitar mudanças no clima ao longo da safrinha, nem os excessos de calor ou chuvas influenciados pelo El Niño. No entanto, existem algumas ações que podem ser adotadas com a finalidade de evitar prejuízos causados por estas adversidades.

De modo geral, para se preparar para o cultivo do milho safrinha em 2024, é importante adotar boas práticas agronômicas e o manejo integrado de pragas e doenças.

Algumas das principais ações que podem reduzir os impactos do El Niño durante o milho segunda safra, são:


Manutenção de palhada no solo
A palhada é extremamente importante para proteger o solo de erosões, compactação e de altas temperaturas. Para garantir que o solo esteja sempre coberto pela palhada, realize a dessecação pós-colheita do milho verão, ou da soja, antes de plantar o milho safrinha.


Monitoramento do clima
O uso de estações meteorológicas agronômicas, ou ferramentas digitais que monitoram e geram previsões climáticas, são indispensáveis em momentos de instabilidade climática. Esta tecnologia deve ser utilizada para planejar a safra, as operações, e prever necessidades hídricas da lavoura de milho.


Adoção de híbridos adequados
As características dos híbridos podem fazer a diferença em períodos de incertezas climáticas. Por esse móvito, é fundamental escolher um híbrido que apresente tolerância a seca e às doenças, principalmente ao complexo de enfezamento.


Adoção de biotecnologia VTPRO4
A biotecnologia VTPRO4®, da Bayer, protege as folhas e as raízes da planta de milho, estruturas essenciais para superar estresses ao longo da safra. Ao evitar o ataque de pragas nas folhas, as plantas conseguem manter o processo de fotossíntese, enquanto a proteção das raízes permite que a planta acesse água e nutrientes em profundidade mesmo em períodos de seca.


Monitoramento e manejo de pragas
As principais pragas do milho que são favorecidas por altas temperaturas são o percevejo barriga-verde (Dichelops furcatus), as lagartas do complexo de Spodoptera, e a cigarrinha do milho, principal vetor das doenças do complexo de enfezamento e raiado fino. O monitoramento destes insetos deve ser constante, e a aplicação de inseticidas deve ser realizada em condições favoráveis e no momento ideal, utilizando produtos adequados para cada espécie. Em condições extremas de calor, o objetivo deste manejo deve ser evitar que as pragas atinjam alto nível populacional.


Monitoramento e manejo de doenças
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as principais doenças que afetam a cultura do milho, e que são favorecidas por altas temperaturas e alta umidade são:

  • Ferrugem branca (Physopella zeae).
  • Podridão de diplodia (Stenocarpella maydis).
  • Antracnose do colmo (Colletotrichum graminicola).
  • Podridão seca do colmo (Macrophomina phaseolina).
  • Podridão por Pythium (Pythium aphanidermatum).
  • Podridões bacterianas causadas por bactérias do gênero Pseudomonas e Erwinia.
  • Complexo de enfezamento: pálido e vermelho.

Para evitar perdas que podem ser causadas por estas doenças é essencial realizar um planejamento de safra que contemple híbridos tolerantes. Além disso, é recomendado o uso de fungicidas preventivos, que podem ser utilizados desde o momento do tratamento de sementes, até as fases críticas em que a lavoura fica mais exposta às doenças.

É importante reforçar que a atenção deve ser redobrada com o complexo de enfezamento em períodos de altas temperaturas. Isso se deve ao fato de que não há fungicidas que possam controlar as doenças do complexo, e que a cigarrinha do milho pode se reproduzir com maior intensidade no calor, aumentando a potencial de contaminação da lavoura.

Para saber mais sobre o El Niño e seus impactos na agricultura brasileira, assista ao Impulso News EP. 131, no canal do YouTube Agro Bayer Brasil: