Lagarta-do-cartucho: como fazer o monitoramento no milho
A lagarta-do-cartucho é uma das principais pragas do milho, mas também pode se hospedar em plantas daninhas e migrar para lavouras de algodão e soja.A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é uma das principais pragas que afetam as plantações de milho. Ela é conhecida por causar danos significativos à plantação e reduzir a produtividade das lavouras.
Para evitar prejuízos, é fundamental adotar o manejo integrado de pragas, combinando estratégias como um bom monitoramento e o uso de defensivos adequados.
Neste artigo, explicaremos quais são as características desse tipo de lagarta e quais são as melhores técnicas para eliminá-la da sua lavoura.
O que é a lagarta-do-cartucho?
A lagarta-do-cartucho é um inseto polífago, ou seja, que se alimenta de uma ampla variedade de plantas. Essa característica permite que ela permaneça ativa no sistema produtivo, safra após safra, encontrando diversas hospedeiras para sustentar seu ciclo.
Essa espécie pertence à ordem Lepidoptera e também é conhecida por seu comportamento destrutivo. Por isso, ela também é chamada de “armyworm” ou “lagarta militar”.
O nome “lagarta-do-cartucho” deriva do fato de que ela ataca preferencialmente o cartucho do milho, principal cultura alvo do inseto. Os danos causados por essa praga podem ser severos, afetando a produtividade das lavouras em todos os estágios de desenvolvimento das plantas.
Quais as principais características da lagarta-do-cartucho?
Essa praga apresenta várias características marcantes que facilitam sua identificação em campo. Alguns deles estão relacionados a sua aparência. Ela se destaca principalmente devido a sua coloração que varia de marrom a preta e a presença de listras amareladas ao longo do corpo.
Outro detalhe importante é a presença de uma mancha em formato de “Y” invertido na parte frontal da cabeça. Quando se aproxima da fase de pupa, também é possível observar uma faixa anelar preta logo após as patas torácicas e outra no final do abdômen.
A estrutura das patas também chama a atenção. Ele possui três pares de pernas torácicas e cinco pares de falsas pernas abdominais, ajudando na sua locomoção.
Além das características que facilitam a identificação, compreender seu ciclo de vida é essencial para monitorar e controlar seu impacto. Confira mais detalhes a seguir.
Ciclo de vida da lagarta-do-cartucho
O ciclo de vida da S. frugiperda é composto por quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. O ciclo completo pode variar entre 32 e 46 dias, dependendo das condições climáticas e da disponibilidade de alimentos.
A fase larval dura em média 15 dias e envolve seis estádios de desenvolvimento. Ela é considerada a mais prejudicial à lavoura, já que a lagarta consome mais plantas.
Nessa fase, ela também apresenta um comportamento noturno, se escondendo durante o dia nas folhas e se alimentando à noite, dificultando sua detecção e controle.
Após o período larval, começa a fase de pupa, que ocorre no solo e dura cerca de 10 a 12 dias. Depois disso, surgem os adultos, mariposas cinza ou marrons com envergadura de 3 a 4 cm.
Elas vivem entre 10 e 15 dias e ovipositam durante a noite. As fêmeas adultas podem depositar até 1.500 ovos durante sua vida, geralmente em massas depositadas na parte inferior das folhas, preferencialmente à noite.
Quais culturas a lagarta-do-cartucho ataca?
Ela é uma das principais pragas do milho, mas seu impacto não se limita a essa cultura. Por conta da redução de populações de inimigos naturais causada pelo uso excessivo de inseticidas não seletivos, ela passou a atacar outras culturas.
Entre as mais afetadas está a soja, onde a praga integra o chamado complexo Spodoptera, um grupo de lagartas altamente prejudiciais à produção da oleaginosa.
Além do milho e da soja, culturas como agoldão, trigo, cana-de-açúcar, arroz, cevada e triticale também podem ser infestados pela S. frugiperda, problema que pode reduzir significativamente a produtividade.
O que a lagarta-do-cartucho causa?
Os danos causados pela lagarta variam conforme a cultura atacada. Na lavoura de milho, o impacto tende a ser maior, com sintomas como folhas raspadas e perfuradas, cartuchos e espigas danificadas, além de excreções.
Ela também pode perfurar a base da planta, resultando no desenvolvimento do “coração morto”, que compromete o ponto de crescimento. Esse dano é mais severo em plantas jovens, podendo levar ao tombamento das plântulas, reduzindo a população de plantas e, consequentemente, a produtividade.
Na soja, os danos também dependem do estágio de desenvolvimento da cultura: nos estágios iniciais, ela pode cortar cotilédones e plântulas, diminuindo a quantidade de plantas no campo. Nos estágios avançados, ela se alimenta das folhas e estruturas reprodutivas, comprometendo a produção de grãos.
Como fazer o controle da lagarta de cartucho?
O controle da lagarta-militar em campo é considerado complexo por conta da sua capacidade adaptativa e distribuição geográfica.
Para vencer esse desafio, é fundamental investir no manejo integrado de pragas, que combina diferentes estratégias para reduzir a população do inseto e minimizar os prejuízos.
Confira a seguir as principais práticas de manejo para que ela fique bem longe da plantação:
Controle de plantas daninhas
Segundo estudo da Embrapa Milho e Sorgo, plantas daninhas como capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) e sorgo selvagem (Sorghum halepense) podem servir como hospedeiras para a lagarta-do-cartucho, facilitando sua sobrevivência durante a entressafra.
Os pesquisadores atribuem esse problema ao controle ineficiente dessas plantas na lavoura. Para mitigá-lo, recomendam uma dessecação eficiente da cultura de cobertura e o manejo adequado das plantas daninhas, com foco nas ervas resistentes.
Além disso, é importante adotar a rotação de herbicidas para reduzir a pressão de seleção de espécies resistentes ou tolerantes ao glifosato.
Tratamento de sementes
O tratamento de sementes é uma medida preventiva que protege as plântulas nos estágios iniciais do desenvolvimento. Essa prática é eficaz, econômica e pode retardar a necessidade de aplicações foliares.
Para fazer esse tipo de tratamento, você deve usar inseticidas sistêmicos e de baixo impacto ambiental. Uma alternativa mais prática é investir em sementes certificadas e beneficiadas com tratamento industrial (TSI).
Rotação de culturas
A rotação de culturas se refere ao plantio alternado de diferentes espécies em uma mesma área de cultivo, como milho e soja. Além de contribuir para a fertilidade e conservação do solo, alternar culturas diminui a pressão de seleção de pragas e doenças.
Cultivo de variedades resistentes
O uso de cultivares geneticamente modificados, como o milho Bt e a soja Bt, são desenvolvidas com tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis). Por isso, elas produzem uma proteína tóxica para a praga, mas segura para outros organismos.
No entanto, quem adota essa estratégia precisa investir no monitoramento de pragas e manter áreas de refúgio de plantas para preservar a eficiência das culturas Bt.
Controle biológico
O controle biológico de pragas utiliza inimigos naturais para reduzir sua população, como as vespinhas do gênero Trichogramma, que parasitam os ovos. Microrganismos como o baculovírus e o fungo Metarhizium anisopliae também podem ser utilizados para atacar diretamente.
Controle químico
O uso de inseticidas deve ser uma medida complementar no manejo integrado de pragas. Para evitar o surgimento de populações resistentes e minimizar impactos ao meio ambiente, esses produtos devem ser aplicados somente após a avaliação do nível de dano econômico da cultura.
Quando necessários, você deve investir na rotação de produtos com diferentes modos de ação para reduzir a pressão de seleção de insetos. Outra recomendação importante é evitar inseticidas de amplo espectro, priorizando os seletivos aos inimigos naturais.
O ideal é investir em produtos como LARVIN®, BELT® e CERTERO®, inseticidas registrados e comprovadamente eficazes para o controle de lagartas da soja e do milho.
Como monitorar a lagarta-do-cartucho na lavoura?
O monitoramento deve ser realizado até o fim da safra, mesmo com um bom trabalho de manejo realizado antes do plantio. Isso é essencial para identificar o inseto nos estádios iniciais de desenvolvimento, quando as menores ainda são mais suscetíveis às medidas de controle.
Esse processo deve ser feito com o apoio de diversas técnicas de monitoramento, como pano-de-batida, armadilhas de feromônio e utilização da chamada Escala de Davis, que classifica o nível de dano e identifica qual o momento certo para iniciar o controle químico.
Se for necessário utilizar inseticidas, o horário noturno é o mais indicado para aplicação. Nesse período, ela está mais ativa e em busca de alimento, aumentando a eficácia dos produtos.
Ao combinar o monitoramento contínuo com outras estratégias do MIP, você evita o impacto da lagarta-do-cartucho na produtividade da sua lavoura.
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